Mais morto do que vivo (é assim que me sinto)

É à noite que penso no dia e que sem cor me esqueço da alegria. Nesta cama ou nessa sala, sempre que te calas e não falas. É sem ti que penso na dor e que sozinho morro sem amor. Que perdido neste quarto, sofro ao olhar para o teu retrato. É com chuva e sem vento que sem sol me perco no tempo. Neste sofá ou nessa porta, sempre que me viras as costas. É sem paz e com lágrimas que sem sonhos escrevo estas rimas. Que esquecido nesta casa, choro quando me cortas as asas. Que sozinho e triste sinto o teu aroma e o teu perfume impregnado na minha roupa. E se a minha pele parece estar em abstinência, é o teu cheiro que me vicia e que faz o meu coração sangrar. Os meus pensamentos acabaram de colapsar. Dos meus olhos apenas caiem lágrimas de tristeza e de saudade. Preciso urgentemente de voltar à realidade. Pois quando a noite chegar a tortura será maior. E se a tua energia ainda circula nas paredes do nosso quarto, me envolvendo... Neste momento, apenas sinto o meu coração apertado pedindo socorro à razão. Amor bandido esse, que só me escraviza, só me ilude e só me fere. Tento relaxar e me recompor, pra ver se decido ou não, se parto em busca de outro amor ou não.

(Mais morto do que vivo, é assim que estou)

Miguel Guerreiro e Francisco Eufrasio da Silva